Diz-se que a mulher não identificada tem histórico de problemas psiquiátricos e foi deixada em estado crítico.
A polícia de Paris atirou e feriu gravemente uma mulher que fez comentários ameaçadores e gritou “Allah Akbar” em um trem na terça-feira.
A polícia foi chamada depois que dois passageiros relataram, por volta das 7h30, que uma mulher usando um “véu completo” estava fazendo ameaças em um trem em Val-de-Marne, disse o prefeito da polícia de Paris, Laurent Nuñez, em entrevista coletiva.
O incidente ocorre num momento em que a França enfrenta as crescentes tensões devido à guerra entre Israel e o Hamas.
O prefeito Nuñez acrescentou que segundo testemunhas, a mulher também gritou: “Vocês todos vão morrer”.
Segundo o comissário de polícia, ela foi posteriormente localizada pela polícia na estação da Biblioteca François Mitterrand, em Paris, que foi rapidamente evacuada.
Os policiais “pediram para que ela se sentasse no chão”, explicou o prefeito, mas a mulher levantou-se e “foi em direção aos policiais”. Pediram-lhe que não se mexesse e que mostrasse as mãos para verificar se não tinha arma, mas ela “recusou-se a obedecer”.
Dois policiais dispararam oito tiros, disse o promotor público, que inicialmente relatou que um único tiro foi disparado por um policial.
A mulher ficou gravemente ferida no abdômen e foi hospitalizada. A polícia diz que seus ferimentos são fatais.
As verificações estabeleceram que ela não tinha explosivos nem armas consigo. A estação ainda estava fechada no início da tarde de terça-feira e o ministro dos Transportes, Clément Beaune, visitou o local.
História conturbada
A mulher, de 38 anos, já havia sido parada em julho de 2021 por soldados durante a Operação Sentinelle. Naquele dia, “também com véu completo” e portando uma “chave de fenda”, ela fez “comentários religiosos” com uma “atitude ameaçadora”, explicou Laurent Nuñez.
Ela ficou sob custódia policial por um tempo antes de ser “internada” por sofrer de “problemas psiquiátricos”.
Ela não tinha sido objeto de processo de radicalização, ao contrário do que fontes policiais inicialmente indicaram.
A identidade da mulher, que deu o seu nome ao hospital mas não tinha consigo documentos de identidade, ainda não foi confirmada, sublinharam as autoridades.
Duas investigações foram abertas. Um deles foi confiado à Polícia Judiciária de Paris por “pedidos de desculpas, ameaças de morte e intimidação de um funcionário público”; a outra está confiada à Inspecção-Geral da Polícia Nacional (IGPN) e diz respeito à decisão dos agentes policiais de disparar, como acontece sempre que um agente policial utiliza uma arma de fogo.
Atmosfera tensa
Este caso surge num momento de tensão em França, devido à guerra em Gaza entre Israel e o Hamas, e na sequência do assassinato do professor Dominique Bernard em Arras, a 13 de Outubro, por um jovem com antecedentes de radicalismo islâmico.
Desde o ataque, a França mudou o seu alerta nacional de terrorismo para o mais alto nível de prontidão. Ameaças de bomba foram emitidas em dezenas de locais em França, levando a múltiplas evacuações de aeroportos, estações ferroviárias e locais turísticos como o Palácio de Versalhes.
Um total de 100 ameaças de bomba foram feitas a aeroportos franceses desde 18 de outubro, disse na terça-feira o ministro francês dos Transportes, Clément Beaune.
Na segunda-feira, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, registou “819 atos antissemitas” e “414 detenções” em França desde 7 de outubro, quando combatentes do Hamas invadiram Israel e assassinaram centenas de pessoas antes de raptarem centenas de reféns. Israel respondeu com o seu maior ataque a Gaza desde que se retirou da área em meados da década de 2000.